Eu estava lá por no mínimo quatro horas. Sentada no banco da praça
vendo as crianças correndo e seus pais esperando do outro lado da calçada. Na
minha cabeça passava de tudo: As tardes na gangorra, a brincadeira de
pique-esconde, a amarelinha de uma esquina à outra e o sorvete de casquinha no
chão.
Saí meia hora antes do expediente
acabar, pra dar tempo pegar o pôr-do-sol no coreto, como eu costumava fazer a
uns dez anos atrás. Cada cor que o sol ia tomando era uma esperança nova que
nascia dentro de mim. E eu amava essa fusão, o colorido.
Outro dia minha amiga disse que não
gosta desse papo de que a vida passa rápido demais. Talvez ela esteja certa.
Mas naquele fim de tarde não foi preciso esforço algum para eu me lembrar da
cor de chinelo que eu mais gostava, de como eu prendia meu cabelo pra poder correr
com o pessoal ou das vezes em que eu voltei pra casa chorando por causa dos
meus joelhos ralados.
É, a vida é breve. Breve e intensa.
Como meus amores tem sido. Naquele fim de tarde eu só queria uma coisa: Ser
criança outra vez.
Wanderly Frota
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