As cirandas ficaram para trás. As mãos dadas também ficaram. Os vestidos soltos com ar de verão foram desgastados com o tempo, doados ou empilhados numa caixa pequena no quartinho da bagunça. A rua que era calma mudou de cara. E as árvores deixaram suas folhas caírem no chão. Foram todas varridas. A raiz já fraca, arrancada do solo. As crianças não eram as mesmas. Talvez nem se falassem mais. Nem eram mais crianças. No lugar havia outro ar. Casas. Armazéns. Fumaça. Muita fumaça. E uma saudade danada plantada. Acho que era o último broto. Mas ele não morria nunca. Mesmo faltando quem o regasse vezenquando. A vida era outra. A cidade também. Agora ciranda nem de pedra. Nem vestido. As mãos só queriam segurar mais do capitalismo. Não sobrava tempo pra mais nada. A graça de antes ficou para trás. Os sonhos também. Sim, eles mudaram. E como mudaram. Eram feitos de doçuras. Com gostinho de mar. Não eram caros. Eram miúdos. Grandes por dentro. E só. Eram pouco. Todos feitos de risos. Grandes. Largos. Risos de verdade. Hoje não. Hoje somente a saudade continua por lá. Hoje por aqui, soluços. E só.
Wanderly Frota. A que plantou a danada.
Pablo Neruda*
Saudades desse tempo...
ResponderExcluirA vida se perde a cada dia. Lembro-me das palavras do filósofo Sponville "viver é morrer; e por isso a vida é ainda mais bela, porque traz em si a morte amarga". A verdade é que se morre um pouco a cada dia. A mudança é inevitável; crescer é necessário. A criança de outrora está morta... Tornamo-nos adultos! Trabalho, compromissos urgentes, contas pra pagar...
ResponderExcluirRecomendo a leitura do livro "A vida Humana". Vai gostar.
Beijos.
E tudo muda de cor nessa vida quando a saudade chega nos trazendo lembranças de tempos bons que nunca mais voltarão....beijos de bom dia pra ti amiga...
ResponderExcluirwww.olivrodosdiasdois.blogspot.com
Também sinto essa saudade... Essa vontade de querer viver novamente a infância.
ResponderExcluirhttp://eppifania.blogspot.com.br/
Tudo se vai alterando, muitas vezes, pra pior, e lá chega a saudade e as recordações, que nos levam o coração e o olhar.
ResponderExcluirOs pobres continuam pobres e a força do capital vai arrasando, não ajudando.
Beijos da Luz.
somos feitos de passado e nostalgias
ResponderExcluirbeijinho