Da carta que eu não mandei




Eu tenho um coração que de tanto sentir, pesa. 
Eu tenho em mim uma parte que chama o seu nome. 
O tempo todo.


Precisava dizer não. Eu já havia passado por coisa demais em tão pouco tempo. Eu já havia experimentado amores demais. Meu coração já estava cansado de tanto ir e vir. E bobo, como sempre foi, já estava cansado de se apaixonar a toa. Eu precisava mesmo dizer não. Recusar qualquer convite e ficar só. É que as vezes eu tento ser minha, só minha, mas nunca fui boa nesse negócio do sentir sozinha. Por mais que algo me dissesse que dessa vez ia ser diferente, era um não que soava em mim. Por tantas vezes eu procurei o meu espaço. E dessa, acho que eu estava finalmente encontrando. E quando eu estava quieta, me ouvindo, você apareceu. Eu não consegui me segurar e disse um sim. Enorme. Um sim. Contrariando a minha própria vontade, eu disse sim. E lá estava eu, abrindo as janelas da alma e permitindo que a paixão entrasse, outra vez. E a partir de então em todos os meus dias eu buscava por você. Cada sorriso que eu deixava solto surgia por você. E eu me pegava, diversas vezes, pensando no seu nome. Lembrando da sua voz e do seu jeito bobo e engraçado de ser. Eu precisava ter dito não. Mas eu não disse. E agora tenho medo. Medo do seu coração não se envolver com o meu. É, eu precisava mesmo ter dito não. Mas eu não disse. E agora eu espero, todos os dias, a hora exata para conversar com você e saber como foi o seu dia, simplesmente. Eu já não me importo com os amores que antes estavam me fazendo sofrer, eu não me importo mais com nada. É como se agora fosse um novo começo. E lindo. Com direito a frio na barriga e gelo no coração. E eu me sentia viva outra vez. Então eu disse sim. E todos os dias, quando acordo, eu digo sim. E te espero. E te sinto. E te quero. É, eu estou mesmo gostando de você. E já me desejo sorte. 


- Wanderly Frota


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